Decorreram no Domingo dia 16 no estuário do rio Lima as filmagens com a embarcação tradicional Nossa Sr.ª da Agonia. Um domingo estupendo para a pratica de navegação, com bom vento e um sol magnifico.
As filmagens foram efectuadas por elementos da Associação Ao Norte, http://www.ao-norte.com/. com a colaboração do Clube de Vela de Viana do Castelo e da Associação Barcos do Norte e farão parte integrante do documentário sobre as embarcações tradicionais do rio Lima, filmagens que já levam alguns anos de investigação, podendo ser visto aqui a sinopse do trabalho em curso http://www.ao-norte.com/docs_em_prod_agua_arriba.htm
A embarcação atracada no pontão flutuante exterior da Marina de Viana do Castelo durante a tomada de algumas cenas relativas ao seu aparelhamento provocou a curiosidade de numerosas pessoas que a pé faziam a sua caminhada pela beira-rio, e que por ali ficaram a observar.
Durante cerca de três horas quem se acercou da beira-rio pode observar a catraia a navegar em toda a sua beleza, pois esta embarcação tem um porte e uma traça magnífica a navegar.
Pena que seja a única com estas características em Portugal a navegar ainda.
Sobre a Catraia Nossa Sra Da Agonia algumas notas de interesse:
CATRAIA PEQUENA OU BARCO DA FANECA DE VILA CHÃ
Em 2000 em Viana do Castelo, o Clube de Vela de Viana, inicia o projecto de salvaguarda e recuperação de uma embarcação original.
Em 2000 em Viana do Castelo, o Clube de Vela de Viana, inicia o projecto de salvaguarda e recuperação de uma embarcação original.
Embarcação filiada no modelo Poveiro, esta é uma Catraia Pequena ou Barco, com 5.5 mts, baptizada de “Nossa Sr.ª D`Agonia ” que arma 3 pares de remos e vela. Sendo esta uma embarcação com algumas características que a distinguem dos outros barcos, é uma embarcação originária de Vila Chã, freguesia a sul de Vila do Conde e que se dedicava à pesca da faneca, sendo por isso assim referenciada: Barco da faneca de Vila Chã, ou Fanequeira.
Esta embarcação é um barco original, construído cerca de 1977, nos seus últimos anos de vida na faina pescava na praia da Memória freguesia de Lavra, conselho de Matosinhos. Quando foi identificada por João Baptista em 1998 estava recolhida num armazém de praia, e já não pescava há vários anos por ter sido substituída por uma embarcação a motor de maior porte, (voadora). Desde essa data que nasceu a ideia da sua recuperação, sendo todo o projecto de recuperação e colocação na água a navegar da responsabilidade de João Baptista.
Esta embarcação é um barco original, construído cerca de 1977, nos seus últimos anos de vida na faina pescava na praia da Memória freguesia de Lavra, conselho de Matosinhos. Quando foi identificada por João Baptista em 1998 estava recolhida num armazém de praia, e já não pescava há vários anos por ter sido substituída por uma embarcação a motor de maior porte, (voadora). Desde essa data que nasceu a ideia da sua recuperação, sendo todo o projecto de recuperação e colocação na água a navegar da responsabilidade de João Baptista.
Depois de vários contactos a diversas entidades na cidade de Viana do Castelo durante dois anos só o Clube de Vela de Viana se mostrou disponível a acolher o projecto. Assim a sua recuperação foi possível, com o apoio da Câmara Municipal. Foi adquirida para integrar a Escola de Navegação tradicional do CVVC.
No mesmo ano 2000 realizou-se em Viana do Castelo o 1ª Encontro de Embarcações do rio Lima.
É hoje uma referência a nível nacional e internacional nos Encontros de Embarcações Tradicionais, nomeadamente na Espanha, Galiza, Málaga Cadaqués e França
Das particularidades interessantes desta embarcação destacamos o facto de em 1977 ainda se registarem em Portugal embarcações para a pesca local profissional à vela e remos, como consta no seu registo na capitania de Vila do Conde, que diz o seguinte:
A embarcação de pesca local denominada “SÔNIA MARIA” VC-1449-L foi registada nesta Repartição Marítima em 15 de Abril de 1977, á vela e remos.
Tipo de embarcação: Boca Aberta
Material do casco: Madeira,
Proa: Lançada, Popa: lançada.[1]
Sistema de propulsão: a Remos e vela
Classificação da embarcação: Pesca local com aparelhos de anzol.
As suas dimensões actuais são as seguintes:
Comprimento: 5.50mts,
Boca: 1.80mts,
Pontal: 0.60mts.
O Clube de Vela de Viana junta-se assim ao reduzido grupo de instituições no Norte de Portugal que têm embarcações tradicionais operacionais.
O retomar da participação da embarcação tradicional Nossa Sr.ª da Agonia em encontros de embarcações tradicionais resulta da colaboração entre a Associação Barcos do Norte e o Clube de Vela de Viana do Castelo
Na revista editada pela Federação Galaga pela Cultura Maritima e Fluvial,FGCMF no ano 2001 aquando do V Encontro de embarcações tradicionais da Galiza, sob o titulo Mares da saudade, foi publicado um pequeno texto sobre esta embarcação que pode ser consultado aqui:
http://www.culturamaritima.org/files/Revista-Poio-2001.pdf
[1] Construída a partir da ossada, também chamado de barco de duas proas, o qual a partir da quilha, da roda de proa, do cadaste e o cavername, tem uma forma muito esbelta uma ligeireza e elegância na água, fruto da sua proa muito lançada a terminar no capelo, e do cadaste de ré mais aprumado com popa a terminar fechada em bico. O pontal de proa maior, a boca mais afiada pelo seu lançamento e o seu bojo redondo com as cérceas de entrada e saída de água muito pronunciadas permitem que esta embarcação seja muito “maneira ou boieira” a navegar tanto a remos como á vela. Arma de dois a três pares de remos com cerca de 13 palmos (3metros), mastro e vela latina de pendão em pano-cru, geralmente encascado.
[1] Construída a partir da ossada, também chamado de barco de duas proas, o qual a partir da quilha, da roda de proa, do cadaste e o cavername, tem uma forma muito esbelta uma ligeireza e elegância na água, fruto da sua proa muito lançada a terminar no capelo, e do cadaste de ré mais aprumado com popa a terminar fechada em bico. O pontal de proa maior, a boca mais afiada pelo seu lançamento e o seu bojo redondo com as cérceas de entrada e saída de água muito pronunciadas permitem que esta embarcação seja muito “maneira ou boieira” a navegar tanto a remos como á vela. Arma de dois a três pares de remos com cerca de 13 palmos (3metros), mastro e vela latina de pendão em pano-cru, geralmente encascado.
João Baptista
Fotos de Ana Baptista 2008